Ketamina: Droga Usada em Cavalos Sendo Usada em Festas – Entenda os Riscos e o Tratamento

A ketamina é uma substância originalmente desenvolvida como anestésico veterinário, amplamente utilizada em cavalos e outros animais de grande porte. Nos últimos anos, essa droga saiu das clínicas veterinárias e passou a circular em festas e ambientes recreativos, principalmente entre jovens. Seu uso descontrolado traz sérios riscos à saúde, sendo cada vez mais motivo de preocupação entre autoridades de saúde pública.

Neste artigo, você vai entender o que é a ketamina, por que ela é usada em festas, quais são seus efeitos colaterais e os perigos associados ao consumo recreativo. Além disso, abordaremos a crescente preocupação com a dependência e os impactos sociais do uso indevido da substância.


O Que é Ketamina?

A ketamina é um anestésico dissociativo criado na década de 1960. Inicialmente desenvolvida para uso humano em cirurgias e intervenções médicas, logo passou a ser mais utilizada em animais, principalmente em cavalos, por sua potente ação sedativa e analgésica.

Seu principal mecanismo de ação é o bloqueio dos receptores NMDA no cérebro, o que leva à redução da dor, sedação profunda e, em alguns casos, alucinações. A droga é classificada como dissociativa porque causa uma separação entre a consciência e a percepção do corpo.

Apesar de seu uso legítimo na medicina e na veterinária, a ketamina começou a ganhar notoriedade como droga recreativa devido ao seu potencial alucinógeno e à sensação de euforia e distorção da realidade que proporciona.


Como a Ketamina Chegou às Festas

A presença da ketamina em festas começou a ser notada nas décadas de 1980 e 1990, especialmente em países como Estados Unidos e Reino Unido. No Brasil, seu uso recreativo cresceu principalmente a partir dos anos 2000, sendo popularizada em festas rave, festivais de música eletrônica e ambientes underground.

Muitos usuários relatam experiências de “viagem” ou “expansão da mente”, o que atrai curiosos e jovens em busca de novas sensações. Por ser uma droga barata e relativamente fácil de obter em meios ilícitos, seu consumo se espalhou rapidamente.

A ketamina é geralmente encontrada em forma líquida (sua forma original médica) ou em pó branco, que é inalado ou, em alguns casos, diluído e injetado.


Efeitos da Ketamina no Corpo

A ketamina produz uma série de efeitos físicos e psicológicos. Em doses baixas, pode causar:

  • Sensação de leveza ou flutuação
  • Relaxamento muscular
  • Alterações na percepção do tempo e espaço
  • Distorções visuais e auditivas
  • Euforia

Já em doses mais elevadas, os efeitos se intensificam e tornam-se perigosos:

  • Alucinações profundas
  • Paralisia temporária
  • Confusão mental
  • Náuseas e vômitos
  • Aumento da pressão arterial
  • Perda de consciência

Um fenômeno muito conhecido entre os usuários é o “K-hole” — um estado de dissociação extrema, em que a pessoa perde completamente a noção da realidade e do próprio corpo, podendo experimentar uma sensação de morte iminente.


Riscos e Perigos do Uso Recreativo

Apesar de muitos usuários acreditarem que a ketamina é segura por não causar abstinência física severa, o consumo frequente e descontrolado pode levar a consequências sérias:

1. Danos Cognitivos

O uso contínuo de ketamina pode afetar a memória, concentração e capacidade de aprendizado. Estudos mostram que usuários frequentes apresentam alterações no funcionamento do cérebro, com prejuízos cognitivos duradouros.

2. Problemas Urinários

Um dos efeitos colaterais mais graves da ketamina é a cistite induzida por ketamina — uma inflamação crônica da bexiga que causa dor intensa, vontade constante de urinar e, em casos graves, necessidade de cirurgia.

3. Dependência Psicológica

Embora a dependência física da ketamina seja considerada moderada, a dependência psicológica pode ser intensa. O usuário começa a usar a droga como forma de fuga da realidade ou para lidar com ansiedade e depressão.

4. Riscos de Overdose

A ketamina, quando misturada com outras drogas (como álcool, MDMA ou benzodiazepínicos), aumenta o risco de overdose. Pode ocorrer depressão respiratória, perda de consciência e até morte.


Ketamina é Ilegal?

No Brasil, a ketamina é uma substância controlada pela ANVISA. Seu uso é permitido apenas em contextos médicos e veterinários, com prescrição e supervisão adequada. O porte, a distribuição e o consumo recreativo da droga são considerados crimes, com penas que variam conforme a gravidade e reincidência.

Apesar disso, a droga circula no mercado negro com nomes como “Special K”, “K”, “Kit Kat”, entre outros. A compra clandestina traz riscos adicionais, como a presença de outras substâncias tóxicas misturadas ao pó vendido como ketamina.


A Dualidade da Ketamina na Medicina

Curiosamente, enquanto o uso recreativo da ketamina cresce, a medicina tem voltado sua atenção para seus efeitos terapêuticos. Em clínicas especializadas e centros de pesquisa, a ketamina tem sido utilizada no tratamento de depressão resistente, transtorno bipolar e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Nesses casos, o uso da substância é cuidadosamente monitorado, com doses controladas e sessões supervisionadas por profissionais de saúde mental. É importante diferenciar o uso medicinal do uso recreativo, que é perigoso, sem controle e sem respaldo científico.


Como Prevenir o Uso Indevido da Ketamina

A prevenção é o caminho mais eficaz para lidar com o uso abusivo de ketamina. Algumas ações importantes incluem:

  • Educação nas escolas: Programas de conscientização sobre drogas e seus efeitos reais.
  • Campanhas públicas: Informação clara e acessível sobre os riscos da ketamina.
  • Apoio familiar: Diálogo aberto entre pais e filhos sobre o uso de substâncias.
  • Monitoramento em festas e eventos: Ações de fiscalização e segurança para coibir o tráfico e o consumo.

Tratamento para Usuários de Ketamina

Pessoas que já iniciaram o uso abusivo de ketamina precisam de ajuda especializada. O tratamento pode envolver:

  • Desintoxicação supervisionada: Feita em clínicas especializadas, com acompanhamento médico.
  • Psicoterapia: Ajuda o paciente a entender os gatilhos do uso e a desenvolver estratégias de enfrentamento.
  • Grupos de apoio: Como Narcóticos Anônimos (NA), que oferecem suporte emocional e incentivo à recuperação.
  • Terapia medicamentosa: Em alguns casos, medicamentos são prescritos para tratar sintomas de ansiedade ou depressão.

A recuperação é possível. Com o tratamento adequado e o apoio de familiares e profissionais de saúde, muitos usuários conseguem abandonar o uso da ketamina e reconstruir suas vidas.


Considerações Finais

A ketamina, embora ainda seja usada legalmente na medicina e na veterinária, tornou-se uma das drogas mais perigosas em circulação nas festas. Sua aparência inofensiva e seus efeitos alucinógenos atraem usuários desinformados, que ignoram os riscos reais e as consequências do consumo prolongado.

A chave para combater esse problema está na informação, prevenção e tratamento. É necessário falar abertamente sobre os efeitos da ketamina, esclarecer mitos e orientar quem já se envolveu com a droga a buscar ajuda o quanto antes.

Se você conhece alguém que esteja usando ketamina de forma abusiva, incentive-o a procurar ajuda. Quanto mais cedo a intervenção, maiores são as chances de recuperação completa.